domingo, 2 de agosto de 2015

I'm a survivor

eu sobrevivi ao bullying dos 6 aos 13

eu sobrevivi aos porres e aos corações partidos dos 13 até hoje

eu sobrevivi à depressão e ansiedade dos 20


Então tudo indica que
eu vou sobreviver ao desemprego...

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Your cat

I wish I was
a cat

Your cat

So I,
with all my extended senses
would be able to

hear you better
taste you better
love you better

without showing you
not even
a bit

sábado, 17 de janeiro de 2015

Meu barquinho naufragou.

Estou à deriva no meu barquinho furado.
E eu não tenho a quem culpar.

Fui eu que escolhi aquele barquinho e decidi navegar com ele além mar.
Aquele barquinho... Tão bonitinho, parecia até feito sob medida para mim.

Eu podia ter dado algumas voltas num iate de luxo, dividido uma escuna com os amigos.
Mas não. Eu quis aquele ficar com aquele barquinho só para mim.
Sabia que ele não estava em melhores condições, não me enganaram, quem se enganou fui eu achando que eram "só alguns reparos".
Obviamente eu ainda não tinha visto o buraco.
Isso, eu só percebi quando já estávamos nos distanciando da praia, passando de onde quebra a onda.
Sem volta.

Sem volta para o barquinho, porque eu podia ter me jogado e nadado até a terra firme, seguido em frente sem me molhar.
Fui eu que decidi continuar com o barquinho furado, mesmo se distanciando cada vez mais da orla, mesmo vendo cada vez mais água entrar.
Decidi ficar ali com o meu barquinho e ver se conseguia tirar a água com baldinho, até descobrir um jeito de tampar o buraco.

Às vezes eu penso em desistir, em pular do barquinho e ver até onde eu consigo nadar. Acabar logo com isso: eu me afogo aqui, ele naufraga lá.
Mas se for para acabar, que acabemos juntos.

Eu, e só eu, mantenho a esperança de que, remando com força, esse barquinho talvez me leve até um novo continente, uma ilha deserta ou até mesmo uma praia paradisíaca.

sábado, 6 de julho de 2013

Minha doença, doutura

Vem do controle.
Da necessidade de perder tudo, jogar tudo fora,
só pra ter a certeza de que eu consigo de novo.

One by one they keep comming back.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Oito da manhã e muito café servido em uma caneca feia de dar dó.

Eu não precisava acordar. Estou de pé porque preciso criar e aprendi que inspiração não existe, o que existe é uma ideia certa na hora certa. No resto, inspiração é bater a cabeça em tijolos até misturar ideia com sangue. É fazer um, achar ruim e fazer de novo só para achar ruim, até desistir de tudo aquilo e mudar completamente o foco. E não gostar também.

Até que no fim você descobre:
there's no such thing as um curto prazo de entrega.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Romance 1.6 - caos

Há muito eu vinha sentindo seu aviso. Agora, o caos estava ali, na minha frente, me dando um tapa na cara.

Bem antes disso, eu estava no bar do hostel, cantarolando Yellow, rabiscando meu moleskine e bebendo uma Guiness. O que me interrompeu foi um barulho abafado que me cortou a linha do desenho e fez borrar o pensamento, a origem dele foi um copo que alguém havia posto com força na mesa pra me chamar atenção. Analisei: era só um líquido transparente (ah, duvidava ser água!) e, considerando aquilo uma oferta, virei aquela dose de uma vez - senti aquilo descer forte, rasgando minha garganta - sem fazer careta. Só depois fui ver quem havia me oferecido a bebida.
- Well, that's something. Want another one? Quem falava era uma mulher (ou menina?) de traços indianos, com um sorriso de dentes bonitos e alinhados.
- No, thanks. But I'd like to know what I've just drank.
- So you have to talk to me to get that information.
- Alright. Respondi com o melhor que pude fazer de um sorriso.
Tomei mais umas três doses daquilo e nunca fiquei sabendo o que era, só que era bom e que me deixava embriagada bem rápido. Também fiquei sabendo que aquela mulher era modelo e tinha nascido no Camboja, ela tecnicamente havia falado da vida toda dela, mas eu só cheguei a pegar isso do todo, de resto eu só acenava com a cabeça e sorria. Acho que, além da bebida grátis, o que me interessou nela foi o falar muito de si mesma sem esperar que o outro correspondesse.

Aliás, acho que nesse tempo que ficamos "conversando" ela só me fez uma pergunta que precisasse de uma resposta:
- I'm going to a party, join me?
Primeiro eu pensei: HELL NO! Eu já estava bêbada o suficiente e podia ir para o meu yellow submarine submergir em um sono profundo. Só que ao olhar para meus rabiscos e ver que o meu desenho era uma boca, seios - que eu conhecia muito bem - mais a frase 'We can be heroes'... Não tinha como me enganar, eu precisava de algo mais forte que aquela água rasgante que eu havia tomado. Subi para guardar minhas coisas, por um casaco e catar alguns poucos pounds e meu documento que estavam guardados na mala.

Pegamos o underground em Bayswater. Não estava cheio, mas isso não impedia que os poucos que estavam ali se sentissem um pouco ofendidos com a pole dance que a modelo cambojana ensaiava pra mim se esfregando naqueles canos vermelhos no fundo do vagão.
- I've just realised that I don't now your name yet, Cambodia girl.
Ela parou de rodopiar e veio sentar ao meu lado; sorrindo, com o rosto bem próximo ao meu, disse que eu podia chamá-la do que eu quisesse e que ela se certificaria que só eu poderia chamá-la daquele jeito e yadda-yadda.
- No, I prefer we get to the first name basis.
- Okay, so call me Greta. How do you want me to call you?
- My name: Clara.
Fomos até a estação de Parsons Green, saímos do metrô e passamos a andar por ruas tranquilas emparelhadas pelas tradicionais casas londrinas - o que me era mais agradável porque eu podia fumar e apreciar a cidade. Não fazia ideia do quão longe havia ido parar, mas pela vontade que eu estava de um cigarro, devia estar consideravelmente longe do albergue. Chegamos em uma casa que parecia tremer por fora, com luzes coloridas escapando pelas janelas e sons abafados querendo explodi-las. Pelo visto, era ali que estava acontecendo a tal festa.
Tocar a campainha parecia inútil e ninguém veio nos receber, Greta simplesmente abriu a porta e entrou me puxando pela mão, o som era tão alto que parecia me empurrar de volta para a rua. Estava tocando um rock meio eletrônico, uma coisa meio estranha que as pessoas dançavam se balançando freneticamente. Ainda me segurando pela mão, ela me guiou no meio da multidão dançante até onde se encontravam as bebidas, misturou o conteúdo de duas garrafas e me entregou um copo, bebi e tinha gosto de uísque. Eu não gostava de uísque, eu não gostava daquela música, eu queria ir embora, eu queria voltar para o Brasil.

Tentei voltar para o meio das pessoas, mas a cambojana me agarrou pelo pulso sorrindo, como se não tivesse reparado minha tentativa de fugir, e foi me puxando para a parte mais interna da casa. Eu devia ter feito ela me soltar, cuspido o uísque e saído dali, só que aquela mão estava firme no meu pulso e pra a minha instabilidade aquilo foi como um carinho, então eu segui. Andamos mais um pouco pela casa até um canto onde algumas pessoas se reuniam sentadas em poltronas e esparramadas pelo chão, Greta foi falar com algumas delas e eu, que não queria falar com ninguém, me joguei em uma das poltronas. Reparei que aquela bebida ruim ainda estava na minha mão e virei o resto em uma só careta; depois acendi um cigarro.

Lembrei de quando tinha tentado parar de fumar com ela. Tinha sido no último inverno, quando ficamos com tanta tosse que mal conseguíamos nos beijar. Conseguimos ficar só uma semana sem cigarros - ou pelo menos foi o que dissemos uma para a outra, porque eu acendia um "último cigarrinho" todos os dias e sabia que ela fazia o mesmo. Foi patético, não eramos mais o mesmo casal sem nossas manias irritantes de  fumantes. É, não eramos mais um casal.
Despertei dos meus pensamentos quando senti alguém sentar no meu colo, era Greta, carregando uma bandeja de prata.
- Want some?
- No, I don't... It's... It's not my kind of stuff.

A verdade é que desde de Pulp Fiction eu tinha medo de terminar em uma poça de sangue e vômito.
- Oh, come on... - Greta jogou a cabeça sobre a bandeja e inspirou, depois virou-se para mim - Go ahead.
E eu fui.

Então eu bebia uísque da garrafa e puxava Greta até onde a música tocava mais alto. Agora eu entendia porque as pessoas se balançavam ouvindo aquilo - e fazia igual. As luzes coloridas pareciam encher a minha cabeça com suas cores e me faziam esquecer até do motivo que tinha me levado à Londres. Devia ser a quinta música que dançávamos quando a modelo passou a se aproximar mais, a dançar se encostando em mim, até que, pondo seus braços em meu pescoço, ela me beijou.

Seus lábios eram finos demais, nossas bocas estavam secas e geladas, era como se eu beijasse areia. Aquele beijo me deixou sóbria. Afastei os braços da garota e saí dali, fui andando tentando me orientar e achar a saída; pouco depois já estava na rua, com o ar gelado castigando a minha pele quente. Me apoiei nos joelhos e respirei ofegantemente, olhei para a rua e não reconheci o caminho que havia tomado para chegar lá, sentindo como se meu corpo inteiro tivesse virado gelo e fosse quebrar a qualquer momento, sentei no meio fio com a cabeça enterrada entre os joelhos. Eu só queria chorar até ficar seca, gritar até a última nota de todo aquele desespero que tomava conta de mim; mas dei preferência a sair dali antes.
Entrei de novo naquela casa e voltei até onde havia deixado Greta, encontrei-a não muito longe já enroscada no pescoço de outra pessoa. Levei-a até a rua arrastada pelo braço.
- You're getting me out of here. Now.
Ela cambaleava apoiada no meu ombro e, sorrindo, perguntou onde eu queria que ela me levasse, respondi que ela podia me levar para qualquer lugar depois que fôssemos ao meu hostel, mas que ela teria que me levar até lá porque não lembrava o caminho. Greta concordou com a cabeça e me guiou pelas ruas, chegamos a um lugar um pouco mais movimentado onde passavam alguns táxis e pegamos um.

A viagem afinal não foi tão longa quanto o esperado e em pouco tempo reconheci o começo da rua do meu albergue, despertei a menina que havia dormido no meu colo e dei as indicações finais ao motorista de onde parar. Segurando Greta bêbada pela cintura, saí do carro.
Ali, na minha frente, eu reconheci o rosto que eu mais desejei ver por meses.
Meus olhos se encheram de água, senti meu sangue sumir do corpo e desacreditei no que estava vendo; até a aparição dizer:
- Oi, Clara.
Ela saiu correndo e eu não soube o que fazer, larguei a menina que estava nos meus braços e soltei toda a minha angústia e desespero em um grito só:
- CAMILA!

Só que ela não parou, então me pus a correr ainda gritando o nome dela, não desisti nem diminui a velocidade até meu braço esticado conseguir alcançá-la. Agarrei sua mão com mais força do que pretendia, mas consegui fazer com que ela parasse e se virasse... Só para me dar um tapa na cara.




Nota: Romance 01 , Romance 1.2, Romance 1.3, Romance 1.4, Romance 1.5

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Já volto, meu amor.

Não, não são só cigarros. Eu tenho que resolver algumas coisas, talvez demore um pouco, talvez demore muito; não sei! Se soubesse eu falaria, juro. Que coisas? Ah, coisas de todos os tipos, coisas minhas. Você sabe. Não, isso você não quer dividir. A gente pode dividir todo o resto, mas isso eu tenho certeza de que você não quer. Agora me deixa ir ali que eu prometo que eu volto. Tento até não demorar muito agora que você pediu.
Mas eu já disse porque você não pode ir junto!
Aiai meu amor... Faz assim: faz lá um café e senta aqui que eu vou te contar um segredo.

Acontece assim: as pessoas tem crises, cada uma com a sua forma de crise e com a sua cura e loucura.
Às vezes eu preciso ficar no meu cantinho, encolhida, olhando só pro meu umbiguinho sujo.

É como se eu fosse uma criança que a mamãe chamou pra dentro porque já está ficando escuro. Se não o bicho mau pega. Eu só estou obedecendo ao chamado. Já vou indo, mamãe!
Dentro de casa o eu criança fica matutando, digerindo tudo o que vejo lá fora pela janela da minha casinha escura. Tento organizar minhas coisas, até desistir e me conformar que vai ser sempre esse "meio bagunçado". Nesse momento eu me perco na minha própria bagunça. Reencontro coisas do passado, replanejo as coisas do futuro, esqueço um pouco do presente.
Preciso me sentir um lixo perdido ali no meio do caos.
Ir fuçar onde está o lixo, recolhe-lo e fazer uma toca com todo o meu lixo.
Me esconder ali embaixo.
Me sentir parte daquilo.
Me entregar completamente ao que está velho, podre, estragado, desgastado. Me reconhecer ali.

Até perceber que eu não sou nada daquilo.
Então eu posso finalmente jogar tudo fora e deixar tudo limpinho. Com toda a certeza que outros lixos irão chegar e vão sujar e vão pesar, mas que agora eu estou leve, livre.

É por isso, meu amor, que eu preciso ir sozinha.
Aquela sujeira é toda minha - talvez sejam até as únicas coisas exclusivamente minhas - só eu posso saber o que levar embora e na hora de emergir eu só tenho força pra carregar meu próprio corpo mole, frágil, cansado e sem casca. Você pode ficar aqui e me segurar a mão quando eu precisar de um pouco mais de força pra sair daquele buraco.
Então fica aqui, com tudo que é bom e puro de mim, que eu vou ali fugir do meu bicho mau, tá bem?
O café já esfriou. Se cuida.